sexta-feira, março 05, 2010

BEIJÓS > E OS TESOUROS PORTUGUESES



NOSSA SENHORA DE MACHEDE


Estávamos em meados de Setembro de 2009.
O Verão já se despedia de Portugal.
O AIR SHOW/09 da cidade de Évora tinha-nos motivado a uma deslocação por terras alentejanas.
O turismo ainda estava em alta naquela região, locando completamente todas as unidades hoteleiras dentro da cidade.

Na busca de um lugar recatado, onde pudéssemos desfrutar da paisagem e dos puros ares alentejanos, conseguimos estadia no "Monte do Perdiganito", a cerca de 15 Km da cidade, em direcção à Vila de Redondo, na bela Aldeia de Nossa Senhora de Machede.


A expectativa ocupava em tudo as nossas preocupações, porquanto decidimos dar um salto para o desconhecido. Sim! Desconhecido o espaço que teríamos que percorrer, desconhecido o local onde iríamos instalar-nos e até o Aeródromo nos escapava.

Com cuidado, imbuídos numa esperança de que tudo iria ao encontro dos nossos maiores desejos.
Não era difícil alcançar Évora, com boas e directas estradas a partir da capital portuguesa.
De resto, com mapas em riste, olhando às indicações que as estradas nos iam mostrando, conseguimos chegar a um beco sem saída. Agora um desvio, para um caminho de terra batida, trilho que o nosso automóvel sempre tinha evitado, em qualquer situação. Chegámos, muito desanimados, percorridos cerca de 15 km por veredas com mato, a um local onde o piso lamacento do caminho fez aumentar as nossas preocupações e um sinal provisório de trânsito, aliás como todos os outros que anunciavam o desvio, nos impedia de circular para Norte, uma vez que aquilo que procurávamos já se encontrava nessa direcção.
Para voltar para trás e reviver o sacrifício daquele percurso não nos agradava nada.
Animados, sem nos deixarmos apanhar pela frustração, aproveitámos a libertação do espaço ocupado por alguns carros que permaneciam junto de uma nova unidade hoteleira perdida na planície, que nos permitiu, ignorando o tal sinal de trânsito proibido, que pudéssemos passar seguindo todos os outros veraneantes.
Entre lamentações, por termos cumprido religiosamente as instruções que os sinais provisórios de trânsito nos ditavam, algumas censuras às autarquias locais pelo mau trabalho que prestavam às populações, chegámos finalmente àquele espaço que tanto ansiávamos, o MONTE DO PERDIGANITO, cercado por uma vedação de rede e com portões automáticos, longe do casario. Ficámos à porta até que a responsável, que já nos ficara para trás, em Évora, nos fosse franquear a entrada e, logicamente, instalar-nos.
Ficámos bem acomodados, longe dos olhares do mundo, olhando e desfrutando do azul do céu durante o dia naquela imensa planície, e à noite admirando as constelações das estrelas que denunciavam o firmamento, num total silêncio só interrompido de quando em vez pelo ladrar dos pachorrentos cães de guarda que nos garantiam segurança vinte e quatro horas por dia, ou pelo chilro de alguma ave que sobrevoava o espaço.
As instalações que nos acolheram mantinham o traçado original. Pequenas, com o mínimo de condições de habitabilidade de outrora, para tantos que, seguramente, teriam que se orientar pelo Astro-Rei, para a faina agrícola.
O mobiliário rústico, mas bem cuidado, e a instalação eléctrica despertaram as nossas curiosidades. O interruptor do candeeiro portátil da mesinha de cabeceira da cama esquerda, que provocou alguma animação, obrigou a um estudo de adaptação ao seu funcionamento, para que nos cedesse aquela claridade para que se prestava.
Tão perto da cidade de Évora, conseguimos um ninho muito acolhedor, com excepcional recepção, como se estivéssemos mesmo no nosso espaço, com total liberdade para dele usufruirmos.
Não tivemos nada de que nos queixar e demos por muito bem empregue o tempo e a despesa, perante o sossego e o bem estar, que tanto ansiávamos e ali conseguimos.

Depois das nossas deslocações diárias para a cidade de Évora, uma vez que o nosso principal entretenimento era o AIR SHOW, esperava-nos uma abordagem àquela Aldeia perdida lá nos confins da planície, cuja paisagem nos motivou.
Um espaço maravilhoso numa elevação geográfica, que o Sol beijava desde o romper da aurora ao esconder-se no Ocaso.
Muitas interrogações ocuparam a nossa mente, relativamente aos costumes e tradições das suas gentes e à história daquela Terra.
Conseguimos aprofundar alguma da sua história nos contactos com os hospitaleiros habitantes, que vivem quase essencialmente do trabalho dos campos, de algum comércio e de pouco turismo atraído pela proximidade das Históricas cidades e Vilas da Região.
Pelo que apurámos, concluímos que tudo o que nos foi relatado está bem descrito nas coisas que fotografámos.
Assim, mostramos algumas imagens da Aldeia, que, melhor do que qualquer das nossas palavras, poderão revelar o espaço que ocupa e do muito do seu passado.
Convencemo-nos ter descoberto um pequeno tesouro naquela planície, do qual damos notícia.
Vejamos:

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