quinta-feira, abril 12, 2007

OS CINQUENTA ANOS DOS SINOS DA IGREJA PAROQUIAL DE BEIJÓS



Com o decorrer dos tempos e com muito uso, os sinos da Igreja Matriz de Beijós começaram a apresentar algumas rachas.
Deixando de garantir a devida segurança, já nem dobravam. Pelo menos o sino grande passou a ficar imóvel no alto do seu campanário. Quando havia algum funeral, o seu toque, uma vez que tinha que se manter imóvel, não podia oscilar, respondendo ao “TEM” do sino pequeno, era feito somente com badaladas.
Os toques foram assim durante alguns meses. Até que, em 1956, um punhado de homens beijosenses, entre eles destacaram-se o José Tamancas e os filhos, António e Florindo, que Deus os tenha no Seu Eterno descanso, deitaram mão à obra, arrearam ambos os sinos do campanário da Igreja da nossa Terra e lá os mandaram para a Fundição de Sinos de Rio Tinto, de L.M. da Costa – Porto.
Assim, sinos velhos viraram sinos novos.
Pela Páscoa do ano de 1957, já a Igreja de S. João Baptista de Beijós possuía novos sinos, reconstruídos com o bronze dos sinos velhos.
O silêncio que durou por muitos meses foi, finalmente, interrompido.
O Domingo da Aleluia foi a data escolhida para inaugurar os novos sinos da Igreja Matriz de Beijós.
O seu toque maravilhou todos os Beijosenses e passou a animar as festas religiosas na nossa aldeia.
Naquela altura, homens e mulheres, novos e velhos, todos se deslocavam junto dos sinos para admirar o seu brilho dourado e os tocar, com os repeniques da festa que, apesar de ter muitas paragens durante o dia, ainda se mantêm um pouco no Domingo de Páscoa.
Então, a Cruz, para fazer a visita pascal, saía sempre da Igreja Paroquial da Freguesia.
Durante muitos anos, as Póvoas, da Pegada, de Lisboa e de Entre-Ribeiros, tinham a visita Pascal também no Domingo de Páscoa.
Os Pardieiros, conjuntamente com a Casa do Pisão, onde moravam a D. Elizinha e os filhos, D.ª Mariazinha e o João, eram visitados na Segunda Feira da Páscoa.
A Cruz era levada da Igreja Paroquial pelo sacristão de Beijós, para as Póvoas e Pardieiros. Por isso, enquanto a Cruz estivesse na Rua, quer no Domingo, quer na Segunda Feira, os sinos da Igreja Paroquial de Beijós mantinham-se, permanentemente, a tocar.
Não é em vão que a maior parte dos beijosenses sabe repenicar o sino. É no Domingo de Páscoa que se disponibilizam para treinar um pouco esses toques.

Boas tradições. A juventude deve preservar esta sã convivência.

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(P/ Willoughby)

4 comentários:

  1. Belos tempos.
    Os Beijosenes procurarão preservar o seu património! :-)

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  2. Foi o meu pai José Abrantes que trouxe os sinos novos na camiontete para Beijós

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  3. Micas10, não consegui saber como é que os Sinos foram para Rio Tinto e como vieram de lá.
    Não me admira que, naquela época, as pessoas que se empenharam, afincadamente, na sua reparação, não tenham mobilizado os meios para o seu transporte. Era natural que tivessem solicitado apoio a quem tinha meios de transporte capaz de efectuar esse serviço cabalmente.
    Claro que a história dos sinos tem mais pormenores de bastidores, que não se conhecem.Contudo, há sempre possibilidades de esclarecer mais qualquer coisa e de enriquecer o nosso debate.

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  4. Verifica-se que, tanto ontem como hoje, os Beijosenses, quando toca a zelar pelo património da sua Terra, vão mesmo em frente e tudo tem que ficar no seu devido lugar.
    Vimos, com o comentário de Micas10, que o Sr. José Abrantes, o Padeiro da época, disponibilizou o transporte para deslocar os sinos.
    Esse nosso querido amigo, que Deus o tenho no Seu Eterno descanso, esteve sempre na linha da frente para apoiar as instituições. Como já demos conta noutros comentários, foi um dos obreiros da ACDB, e assim, também esteve no apoio à Igreja. Em que outras iniciativas de cariz cultural e ou religioso não se terá empenhado?
    Boa Gente que nos legou muito património.

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