terça-feira, novembro 20, 2007

PÓVOA DE ENTRE RIBEIROS

Póvoa de Entre Ribeiros, também designada pelas populações por "Póvoa do Meio", seguramente por se situar entre a Póvoa de Lisboa e a Póvoa de Santo António.

Não é fácil fazer um relato da história de uma Aldeia que quase se extinguiu e agora ressurgiu com novas características, muito embora com actividades ligadas , como outrora, à agricultura.

Iremos procurar descrever os relatos de algumas pessoas, mais experientes pelo peso da vida, que nasceram e residiram durante alguns anos naquele pequeno povoado e de outras que, muito embora ali não tenham residido, iam ali, frequentemente, visitar familiares e, pelo que presenciaram, amavelmente disponibilizaram os seus préstimos para nos esclarecer e para ajudar a escrever um pouco da História.

Pelos relatos que conseguimos colher a Póvoa de Entre Ribeiros terá sido um pequeno povoado feudal. Uma pequena quinta,




























gerida por uma família, em que destacamos o casal CLARINHA e ANTONINHO (Clara e António). Estas pessoas, com uma certa posição naquele meio, muito embora vivessem do cultivo das terras, não as trabalhavam directamente. Contavam a tempo inteiro com algumas pessoas que trabalhavam os seus campos de sol - a- sol. Parte destes seus funcionários acabaram por morar dentro da Quinta. Assim, alguns deles, formarem ali a sua própria família e nas casas que a quinta dispunha fixaram a sua residência. Os seus filhos, criados naquela parcela de terreno, quando adultos, também eles passaram a ser funcionários do casal Clara e António.


A D.ª Esmália da Póvoa de Lisboa, foi uma das pessoas que nasceu e foi criada naquela Quinta, onde trabalhou como empregada, até se casar. Segundo ela, os seus pais foram criados praticamente naquele povoado, ali trabalharam e ali constituiram família, cujos filhos depois, como é natural, procuraram outros modos de vida mais favoráveis.

Por isso concluimos que a Póvoa de Entre Ribeiros desenvolveu-se numa Quinta, e ali se formou um aglomerado populacional, constituido por uma Casa Principal e seus anexos.



Na casa principal habitavam os patrões e proprietários, com as pessoas que lhe faziam os serviços domésticos, aqueles que, certamente, lhe cozinhavam os alimentos e tratavam das limpezas e da arrumação da casa no dia-à-dia.
Além desses empregados os patrões tinham outros trabalhadores que lhe cuidavam das terras e tratavam dos seus gados, mas que, a alguns deles os proprietários/patrões permitiram que fixassem residência em casas modestas, anexas ao edifício principal, porque, assim, podiam contar com o seu apoio a tempo inteiro, quer dizer de dia e de noite em qualquer situação, de
trabalho ou de saúde. As pessoas ali empregadas, humildes e sem outros rendimentos, também se sentiriam confortadas, apesar de terem algum sacrifício, por terem por perto o apoio dos patrões.




































Segundo os relatos colhidos, a D. Clarinha era uma pessoa muito bem formada e sensível aos problemas das pessoas que se lhe dirigiam.
Os amoladores de tesouras e facas, os chapeleiros (aqueles que consertavam os guarda-chuvas) os sarreiros (pessoas que tiram, compram e vendem o sarro das vasilhas do vinho), etc..., que permaneciam alguns dias e até meses naquela região, eram acolhidos pela D. Clarinha, que autorizava que eles pernoitassem nas suas casas anexas às residências, por
vezes próximo dos currais do gado.

Devido a problemas familiares, o casal Clara e António, mesmo não tendo descendentes, terão sofrido algumas convulsões em determinada fase da sua vida. Nessa fase terão sido vítimas de algum desânimo, que, com a idade e sem grandes rendimentos, foram deixando que a Quinta ficasse ao abandono. Os seus trabalhadores também foram habitar outras casas fora daquele aglomerado populacional e o casario foi-se degradando, como as fotografias nos mostram.

Nos últimos tempos, perante a facilidade com que se poderão cultivar os terrenos, na proximidade do ribeiro, instalou-se ali um pastor com o seu gado. Ali passou a fazer a sua vida, tratando de grande rebanho de ovelhas com os pastos que ali vai semeando. Hoje, o pastor é o único habitante da Póvoa de Entre Ribeiros.



Ainda se pode observar um arruamento ao meio da quinta, com casario de ambos os lados. A Sul desse arruamento situa-se a casa principal, habitação dos patrões e dos criados. A Norte desse arruamento situam-se as casas dos empregados, das pessoas que trabalhavam as terras.




Num ou noutro canto da Quinta ainda permanecem casas de habitação de empregados e que serviram de arrumos a alfaias agrícolas e currais de gado.































































Na Póvoa de Lisboa há a Rua de Entre Ribeiros, cujo arruamento que, atravessando o ribeiro, fez ligação àquele onde se situava o casario do povoado em questão.














A Póvoa de Entre Ribeiros situa-se no limite do concelho de Carregal do Sal, com o de Nelas, a Nascente, com a
vizinha Póvoa de Santo António





Limite da Póvoa de Lisboa, freguesia de Beijós.














































































Apesar de a Póvoa de Entre Ribeiros ter sido uma Aldeia isolada, ligada à Póvoa de Lisboa

apurou-se que, então, os respectivos moradores nutriam maior empatia pelas populações da Póvoa de Santo António, por, naquela altura, ser uma aldeia mais desenvolvida.






Até no asfalto da estrada que liga a Canas de Senhorim é visível a separação dos concelhos, por ter sido alcatroada em alturas diferentes.
Estamos certos que, sobre esta Aldeia, haverá dados que nos escaparam. Todavia, vamos continuar a contar com a prestimosa colaboração das pessoas que nos possam ajudar na investigação da História deste povoado, cujos desenvolvimentos serão, oportunamente, publicados.

(Imagens de Agosto de 2007)

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