sexta-feira, abril 18, 2008

RUINAS DE LAGAR DE AZEITE DO SÉCULO XIX

É aliciante percorrer espaços físicos à procura do desconhecido e encontrar alguma coisa que nos desperta a curiosidade e nos transporta ao passado.

A cerca de uma hora de caminho, marchando normalmente, para Poente da Aldeia de Beijós, na Ribeira dos Moleiros, vamos encontrar as ruínas de um Lagar de Azeite, deveras interessantes, cujas imagens melhor nos esclarecem.
Há coisas que nos obrigam a parar e a reflectir sobre o cenário que se nos depara.
Apesar de não ser um passado muito distante, é certo que isto também nos permite avaliar com maior ou menor precisão a velocidade da evolução e do progresso.

São realidades que nos ajudam a ajuizar as dificuldades que a humanidade tem conseguido ultrapassar com o decorrer anos.

Observando cada peça, conseguimos comparar determinados equipamentos dos actuais lagares de azeite, com as rudes tarefas e trasfegadores de azeite de outrora.

Comparar as prensas hidráulicas que nos habituámos a ver noutra fase da evolução desta indústria, às antigas varas de madeira e respectivos pesos, com que conseguiam espremer a massa negra da azeitona, para que, com águas quentes, se conseguisse extrair o dourado azeite.

BEIJÓS-CINDO ALDEIAS oferece uma visita guiada a todos os seus estimados leitores, convidando-os a apreciarem as imagens:

Espaço físico envolvente
Aspecto exterior Nascente das ruínas

Lateral Norte do edifício
Cenário que se nos depara à entrada, com frondosos carvalhos no interior


Vara de madeira e respectivo peso, que faziam o trabalho das prensas hidráulicas.

Vimos de novo as varas encaixadas nos respectivos suportes, nas paredes. Uma delas já foi cortada, para outros fins, certamente para aquecer alguém à lareira.

Pesos, grandes pedras arredondadas, com um veio metálico, com fenda para introduzir uma cavilha de fixação (segundo se presume ao respectivo fuso de madeira, normalmente com largas estrias)
Porta da fornalha para aquecimento de água.
Interior do lugar da fornalha.
A pedra do lado direito, muito trabalhada, com um rebordo a encimar uma abertura para uma câmara muito mais ampla, no interior da pedra.
À esquerda, uma outra pedra, tapada com folhagens, com duas pedras sobrepostas no seu interior, é uma enorme pia, com capacidade estimada de 100 litros.
Na parte superior desta fotografia vimos o rebordo de uma outra pia idêntica, colocada lateralmente à esquerda de uma outra pedra trabalhada, igual à da fotografia anterior. Nesta pedra são bem visíveis os socalcos, para encaminhar os líquidos (água e azeite).
Nesta imagem vimos num outro plano a pedra trabalhada já mencionada anteriormente. Esta Pedra terá sido substituida pela TAREFA metálica.




Todas estas fotografias ilustram como eram as TAREFAS naquele tempo, isto, seguramente, no Século XIX.
Eram as peças mais melindrosas do trabalho do lagareiro.
O trabalho à sua volta exigia muita atenção, para que o azeite não fosse, inconscientemente, vazado para as águas da ribeira.

O lagar situava-se ao lado do açude ou levada, na Ribeira dos Moleiros. Isto, ainda que não tenhamos encontrado vestígios, leva-nos a concluir que havia um canal para desviar as águas para mover o lagar. Por isso foi um lagar totalmente hidráulico.

Também já se não encontram ali outras peças essenciais, designadamente, a galga para moer a azeitona, entre outras.

Segundo BEIJÓS-CINCO ALDEIAS apurou este lagar foi propriedade do Senhor Professor Duarte, da vizinha Aldeia de Penedo. Desconhece-se se estas ruínas ainda são propriedade do filho.
No tempo foi considerado uma fábrica preciosa, não só para o Penedo, como para Beijós, para Cabanas de Viriato e para outras localidades vizinhas.

3 comentários:

  1. Ora aqui está uma novidade para mim!!!!
    Desconhecia completamente a existencia deste antigo lagar.Confesso que além de surpreendida, fiquei muitissimo curiosa para ver de perto as ruínas.
    Se bem entendi, ficam perto do Penedo, certo? Agradeço a confirmação .
    Obrigado

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  2. Uma hora de caminhada pela Estrada da Ribeira, na margem esquerda da ribeira a que os Beijosenses chamam rio. Passamos para baixo da Ponte, que liga as duas margens, na Ribeira dos Inácios, em direcção a Ferreiroz, cerca de 30 minutos mais de caminho. No entroncamento com a Estrada de terra batida que liga a Cabanas de Viriato, seguindo para a direita, vamos encontrar estas ruínas mesmo sobre a ribeira, na margem direita, junto da levada.

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  3. Esta é certamente uma reportagem soberba sobre a arqueologia local , ainda que seja arqueologia relativamente recente. Talvez por ser mais recente, ela nos toca um pouco mais, por termos ligações mais pessoais e mais estreitas a estas velhas pedras.

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