Leituras de Angola |
Fonte: Manuel Ennes Ferreira/Expresso | |
Tuesday, 06 January 2009 | |
O que usualmente mais desperta a atenção sobre Angola é saber se o preço do petróleo está a aumentar ou a diminuir. Felizmente há mais. Maria Alexandre Dáskalos, angolana do Huambo, viu publicada a sua tese de mestrado: 'A Política de Norton de Matos para Angola' (1912-1915). Um excelente ensaio de escrita escorreita (a autora é poetisa). Saltando no tempo, Jaime Nogueira Pinto (este português) escreve 'Jogos Africanos'. É um livro, atrevo-me a dizer, de aventuras. Parece uma versão do tipo 'Tintim em África'. Não é propósito do autor expor alguma análise inovadora do conflito em Angola. São notas pessoais, da vida dos bastidores, e que empolgam pela escrita, bem-humorada em circunstâncias tão trágicas. Para se compreender melhor a actualidade de um país em efervescência, a Associação Angolana de Sociologia está a publicar a 'Revista de Sociologia Angolana', com o empenhamento já conhecido de Paulo de Carvalho, o editor da publicação. Num outro registo, Ana Clara Guerra Marques oferece-nos através da editora Mukixe um curioso livro: 'Para uma História da Dança de Angola: Entre a Escola e a Companhia, um Percurso Pedagógico'. A autora, que após a independência do país se vê na contingência de dirigir a única escola de dança vinda de trás, acaba por criar a Companhia de Dança Contemporânea de Angola em 1991. É um testemunho que desperta bastante curiosidade, reflectindo sobre o papel da dança como uma das vertentes de afirmação da cultura angolana. Finalmente, um curioso boletim cultural semanal - o 'Tantã Cultural' - da responsabilidade da empresa petrolífera francesa Total E&P Angola. António Kituxi-Pinto, responsável pela edição (que já ultrapassou os trezentos números), sintetiza os acontecimentos culturais diversos. Do cinema ao teatro, dos concertos musicais ao lançamento de livros ou CD musicais, passando pelas palestras, Luanda mexe além dos ‘petrodólares’. Com colaboradores à altura do projecto, não se pode deixar de destacar o trabalho de Jerónimo Belo, um inveterado amante e divulgador de jazz! Será pelo contributo da investigação e da afirmação da sua cultura que Angola encontrará o seu caminho no tempo. O petróleo, esse, ficará pelo caminho. Manuel Ennes Ferreira Professor do ISEG e "think tank" Grupo África-IPRI |
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