É Grande a nossa motivação para as pesquisas do desconhecido.
Chegámos ao Bairro do Moleiro Novo, na Ribeira. Este local cativou - nos fortemente. Jamais poderemos deixar de percorrer o mesmo percurso, nas nossas investigações.
Isso criou em nós forte vontade de prosseguir e de divulgar tudo aquilo que nos anima.
Ouvimos falar do "CHICO CALDEIRÃO".
> Foi Moleiro;
> Foi Pastor;
> E talhante...
Fomos descobrir as ruínas das casas que ele terá habitado, para Poente do Bairro do Moleiro Novo, na Ribeira, na margem direita do rio, em direcção a Ferreiroz do Dão.
Em anexos à sua habitação, ele alojava o seu gado, designadamente os cavalos ou jumentos e as ovelhas.
Ali matava e comia as suas rezes, cuja carne, por vezes, também vendia pelas Aldeias vizinhas.
Na ombreira do portal, ainda vemos as dobradiças que suportaram a porta de madeira com que fechava a casa.
Nestas casas não havia moinho. Os moinhos que utilizavam estavam mais próximos do leito da ribeira, em local onde as respectivas águas tivessem acesso directo.
Podemos ver o forno onde cozia o seu pão.
Mesmo ao lado da porta do forno, descobrimos uma pia, com um furo no fundo, vertendo para a parte lateral.
Analisando ao pormenor, concluímos que aquela pia, em pedra, foi a masseira, onde faziam as massas e onde o pão levedava.
Temos que ter em atenção de que, a proximidade do calor do forno, ajudava a levedar as respectivas massas.
A pia que servia de masseira.
Aqui é bem visível o furo, para a parte lateral da pia. Quando pretendiam lavar a masseira, não era necessário mexê-la. Bastava tirar a rolha ou vedante e deixar que a água saísse, para o exterior.
A proximidade do rio, facilitava a vida das pessoas.
Andámos um pouco mais para Poente, na margem esquerda da ribeira, numas fragas, em local inacessível de outra forma a não ser a pé e, mesmo assim, com muitas dificuldades, fomos encontrar umas grutas, onde terá vivido o "SERAFIM do MIGUEL", com o seu cão "O Dinheiro".
As paredes, tudo em ruínas, com o tempo, desmoronaram.
Uma espécie de pia, cavada na rocha. Poderíamos pensar que serviu de tigela para porcos, mas, pelo que apurámos, ficou-nos a ideia de que o Serafim punha ali os seus alimentos, punha ali a sua mesa, sobre o resto da rocha e dali comia a sua sopa ...
Aqui vemos socalcos cavados na rocha, na parte exterior da gruta, que fica a cerca de 10 metros de altura, na encosta Sul da Ribeira, para o lado de Cabanas de Viriato. Pelo que apurámos serviram de suporte de madeiras, que suspendiam um telheiro, certamente palhota, porquanto não há vestígios de telha. ,
A gruta não se consegue ver de longe, por estar coberta com a vegetação espontânea e árvores.
Procurámos passar para a margem direita da ribeira, para investigar outros vestígios.
Os acessos não são fáceis. O pontão de madeira que une as duas margens está em muito mau estado de conservação.
Confessamos que chegámos a sentir suores frios, depois de o ter atravessado, porque o nosso sistema nervoso alterou-se, perante o receio de a estrutura partir e, consequentemente, cairmos no rio, em cujo local passariam cerca de dois metros de altura de água, por entre as rochas.
Antes de atravessarmos o rio, despertou-nos a curiosidade, um suporte de pedra, saliente sobre a Ribeira, na margem esquerda.
Esta estrutura serviu de apoio, para retirar água de balde, para as culturas naquele local. As pessoas colocavam-se sobre aquela pedra, e com uma picota, com um balde colocado na ponta da vara, lançavam o balde vazio ao leito do rio e, de regresso, suspenso pela vara da picota, içavam-no cheio de água, que, balde seguido de balde, durante muitas horas, em tempos que não havia motores de rega, vazavam e regavam as suas plantações de milho, de batatas, de hortas, etc. Tudo foi abandonado.
Na margem direita da Ribeira, fomos encontrar estes rochedos, que formam uma espécie de lapa.
Aqui se protegeram muitas pessoas, quer do frio quer do calor e até das chuvas.
Mas esta lapa abrigou muitos dos agricultores que necessitavam de regar os seus campos.
Ali tiveram que dormir muitas noites, para chegarem a tempo de utilizar as águas da ribeira, antes que outros lhas tirassem primeiro, para as suas culturas.
Além disso, aquela lapa também serviu de residência do "VIDINHA", indivíduo solteiro, que por ali desempenhava a sua profissão de agricultor.
Em conclusão, mesmo em pleno Século XX, tivemos bem perto de Beijós, os Homens das Cavernas.
»»» Pensamos que estas ruínas estão integradas no espaço do concelho de Carregal do Sal. A Masseira que apresentámos está ali abandonada, quando poderia muito bem fazer parte do espólio do Museu Municipal.
Esperamos que o nosso alerta traga boas notícias, oportunamente.
Fantastica reportagem! Uma riqueza de fotografias e notas historicas.
ResponderEliminarPessoalmente fico muito agradecido ao Willoughby por estas joias da nossa cultura regional.