Nunca será exagero recordar alguns pontos de vista sobre "Convites", numa expectativa de bem receber os nossos amigos...
Por isso, aqui deixamos mais um apontamento:
"No passado foram publicados livros que continham modelos de cartas para todas as ocasiões. Tinham a sua utilidade numa época em que as fórmulas bem estruturadas estavam na moda.
Hoje em dia, com a educação que desenvolveu a iniciativa pessoal, nós podemos exprimir-nos de uma forma mais individual, respeitando simultaneamente as regras da boa educação.
Os convites e as respostas aos convites são os meios de comunicação mais frequentes na vida social.
Podem ser feitos com cerimónia em ocasiões de carácter oficial. Os convites oficiais são geralmente gravados ou impressos em papel velino ou em bristol, destinados a esse fim.
Nos meios mundanos, onde as recepções são muito frequentes, os convites são impressos previamente em quantidade, com linhas em branco, onde serão referidos o género da recepção, a data e a hora, assim como o tipo de vestuário. A menção «cerimónia» só se torna necessária para uma recepção de gala.
Para qualquer outra recepção, se a ocasião for algo solene, o vestuário será indicado em conformidade. Para os homens será fato de passeio ou smoking, se se trata de um cocktail, de um jantar ou de uma festa à noite. As mulheres escolherão um vestido « para a tarde», de jantar ou de noite, curto ou comprido, conforme a moda de momento.
Acrescentemos que as mudanças que se verificam em cada estação na indústria de vestuário não são necessariamente diktats aos quais seja obrigatório submeter-nos. A mulher elegante deve saber que a simplecidade é a regra do bom gosto e que é preferível, segundo a expressão inglesa, estar underdressed a estar overdressed, isto é, uma elegância discreta a uma espalhafatosa.
A vida mundana exige um convite em regra por carta, por telefone ou verbal.
O convite é necessário no mundo oficial ou diplomático e é sempre formulado num cartão impresso previamente para esse fim. A fórmula é tradicional e é aquela que também será utilizada para uma recepção de gala nos círculos mundanos. Estes convites são sempre redigidos na terceira pessoa e têm habitualmente o seguinte teor:
Paulo Rodrigues e Esposa
têm a honra de convidar
o Senhor e a Senhora Martins Gonçalves
para o baile que dão no sábado..., às... horas
Vestuário: fato e vestido de noite.
RSSF
Av. da República 2 - 1000 - 000 Lisboa
Os cartões de convite, como aliás os cartões de resposta, não trazem cumprimentos, nem fórmulas de delicadeza, nem assinatura.
A aceitação de um convite para uma recepção oficial ou uma recepção de gala será redigida na terceira pessoa e segundo a fórmula seguinte:
José Martins Gonçalves e Esposa aceitam o convite do Senhor e
da Senhora Paulo Rodrigues para o baile que dão no sábado, ...
A recusa será:
José Maria Gonçalves e Esposa lamentam não poder aceitar o
convite do Senhor e da Senhora Paulo Rodrigues para o baile que
dão no sábado, ...
Quer a resposta seja de aceitação quer de recusa, deve ser enviada na volta do correio. Segundo os usos diplomáticos, mas unicamente no mundo diplomático, a resposta por telefone é tolerada.
Para além dos casos muito cerimoniosos, em que as formas tradicionais devem ser respeitadas, os convites podem ser feitos em bilhetes ou fórmulas de fantasia, desde que dêem provas de bom gosto. Um artista, por exemplo, pode-se permitir ornamentar o seu convite com um toque pessoal e encantador.
Éxemplo de convite e resposta de aceitação ou de recusa:
Jantar de meia cerimónia
Querida Senhora Rodrigues (ou querida Teresa, conforme o grau de intimidade)
Recebemos alguns amigos para jantar na terça-feira, ... às .... horas.
Focaríamos encantados se Paulo e você pudessem estar
connosco. Jogaremos bridege ao serão; estou certa de que isso vos
agradará, porque os nossos amigos Gomes e Antunes são ecelentes
jogadores, como sabem.
Até terça-feira, espero.
Sinceramente,
Aceitação
Querida amiga,
Paulo e eu aceitamos com prazer o seu convite para jantar na
terça-feira, ..., às ... horas. Obrigado por ter pensado em nós.
Antegozamos o prazer de vos ver a ambos na próxima semana e
de reencontrar os nossos amigos Gomes e Antunes.
Com amizade,
Recusa
Querida Amiga,
Paulo e eu lamentamos vivamente não poder aceitar o seu
convite para jantar na terça-feira, ..., uma vez que já estamos
comprometidos para essa data. Obrigado por ter pensado em nós e
antegozamos o prazer de poder aceitar numa próxima ocasião.
Sinceramente,
Estas fórmulas poderão variar conforme a ocasião e o grau de intimidade dos donos da casa e dos convidados.
Mas, apesar de não se deverem confundir as boas maneiras com o formalismo e o pedantismo, também não se deverá aceitar o desembaraço desenvolto e as improvisações de última hora.
Inevitavelmente, as modificações contínuas das condições de vida da nossa sociedade moderna têm necessidade de uma nova etiqueta.
Os convites pelo telefone tomam no nosso tempo um lugar preponderante nos costumes vigentes. O mesmo se passa com os convites verbais, que se fazem entre pessoas que trabalham no mesmo escritório ou em qualquer outro local de trabalho. A forma deste convites não é estritamente fixa, mas será determinada pelo grau de intimidade e pelo género de recepção previsto.
A resposta a um convite oral ou telefónico deve ser confirmada imediatamente, desde que isso seja possível. Será protelada se for necessário informarmo-nos da disponibilidade de um cônjuge ou de um companheiro, desde que o convite se dirija a um casal. Mas a aceitação ou a recusa não deverão demorar excessivamente.
Parece muito mal declinar um convite que já fora previamente aceite, desde que não haja uma razão de força maior.
Não se pede a um convidado que convide, por uma vez, outra pessoa, a menos que se trate de amigos muito íntimos.
Muito menos nos faremos acompanhar de uma pessoa que não foi convidada, excepto em caso de força maior, e só depois de termos informado previamente a pessoa que recebe, sobretudo se se tratar de um jantar ou de uma ceia de certa importância.
Além disso, na vida social «retribuem-se os convites» a quem no-los faz.
Quando se mora num apartamento de duas ou três assoalhadas, é muitas vezes difícil receber um grande número de convidados.
À dona da casa que, instalada mais à vontade, pode permitir-se dar grandes recepções, podemos manifestar o nosso agrado oferendo-lhe um pequeno presente.
Podemos também convidar para um restaurante um casal em cuja casa somos regularmente recebidos.
Uma dona de casa ficará encantada com algumas flores, ou com uma pequena planta verde cuja cultura você pratica.
Nenhuma destas manifestações de amizade faz parte de convenções estabelecidas, mas da arte de conviver e das relações sociais."
By MFT
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