domingo, dezembro 14, 2008

13 - ACULTURAÇÃO > A Correspondência

»»»» Com o telefone (o telemóvel), o telégrafo e o rádio, a arte epistolar foi relegada para a prateleira das antiguidades e, infelizmente, a expressão dos nossos sentimentos reduzida a um pequeno número de palavras ditas pelo telefone, ou escritas numa folha de papel comercial por uma terceira pessoa. Parabéns, agradecimentos, pedidos de desculpa, pêsames ou felicitações já não têm a importância que tinham antigamente. E livra-nos muitas vezes destes «fretes» utilizando o telefone, o telemóvel ou o telégrafo.
»»»» As empresas de papelaria desenvolveram igualmente uma imensidade de fórmulas, algumas de gosto duvidoso, que dispensam o esforço intelectual de enviar mensagens. Assim, desde o nascimento até à morte, passando por todas as cerimónias da vida, encontramos, preparadas para nós, frases nas quais os sentimentos se vendem por mais ou menos dinheiro, conforme o tamanho do postal, a qualidade do papel, o prestígio do desenhador.
»»»» Estas observações não querem dizer, contudo, que seja necessário abstermo-nos de utilizar estas mensagens já preparadas. Pelo contrário, elas prestam-nos serviços preciosos e fazem parte do nosso modo de vida. Com a condição de serem utilizadas com uma certa reserva.
»»»» Entre membros de uma família ou outros íntimos podem-se trocar votos humorísticos, que ficariam deslocados se fossem dirigidos de um inferior para um superior.
»»»» Não é necessário sermos escritores para exprimirmos convenientemente o nosso pensamento, nem pensarmos que uma carta deverá ser um ensaio literário destinado a ser publicado, para glória e fama de quem escreveu. A simplicidade e a sinceridade serão suficientes em qualuqer circunstância. As pessoas que consideram um suplício ter de escrever uma carta têm de ter em conta que devem ao menos responder, mais tarde ou mais cedo, às que receberam. A isso são obrigadas pela mais elementar boa educação.
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(By MFJ)

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