BEIJÓS*CINCO ALDEIAS, no sentido de aprofundar a história e as origens da Vila de Carregal do Sal, dispôs-se a pesquisar a rota do Sal, no caminho da Beira Alta.
Durante as nossas investigações, tivemos alguns relatos do percurso do Sal, desde as origens.
Diligenciámos junto do Museu do Sal da Figueira da Foz, mas não conseguimos qualquer referência à saída do Sal daquela cidade, rumo à Beira Alta, via Carregal do Sal.
Talvez isso não tenha muita relevância para aquele Museu, foi o que concluímos.
Todavia, entre os vários relatos que conseguimos, merece-nos especial destaque o que obtivemos do Nosso Querido Amigo, António Borges Silvestre, nascido a 22 de Agosto de 1917, de Cabanas de Viriato.
Este Nosso amigo, marcado pelas muitas vicissitudes ao longo da sua vida, fez-nos a maravilhosa descrição da movimentação do sal, dos bois e dos respectivos boieiros, numa luta contínua, nos trajectos de ida e volta, entre o Porto da Raiva e a fronteira com a Espanha.
O fabuloso relato que nos faz que, até prova em contrário, temos como real, pela sua importância, para aprofundar a História do nosso concelho, não podemos deixar de difundir.
Então vejamos:-
"- No tempo em que o sal era o ouro da Terra, algum vinha das marinhas de Aveiro, em barcos, por mar.
Outro vinha directamente das marinhas da Figueira da Foz, também em barcos. Os barcos subiam o Rio Mondego, até ao Porto de Raiva, freguesia de Oliveira do Mondego, concelho de Penacova, distrito de Coimbra.
Este Porto terá sido muito importante, para escoamento das mercadorias que circulavam pelo Rio Mondego, entre esta localidade e a Figueira da Foz, passando por Coimbra.
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Esta versão conseguimos confirmar no site da Junta da Freguesia de Oliveira do Mondego, cuja nota transcrevemos:
« ...A barragem fica situada no meandro da Raiva, o maior do Mondego, onde o rio percorre 7.670 metros entre dois pontos que distam entre si 760 metros. Aqui se situa também o Porto da Raiva, outrora muito importante e que no séc. XIX seria o porto mais importante do Mondego a montante de Coimbra....»
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Então, continuando:
- No Porto da Raiva havia carros de bois afectos somente ao transporte do Sal.
O transporte funcionava como uma espécie de Mala-Posta.
Quer dizer:>> Os carros eram carregados no Porto da Raiva e faziam o trajecto até à Guarda, via Mangualde.
Abasteciam as salinas do Carregal, que servia de interposto. Mas parte dos carros seguiam cheios até à Guarda com destino a Espanha.
Então, essa mala-posta do Sal, tinha vários locais de paragem e de rendição das juntas dos bois e dos respectivos condutores, que só percorriam determinado trajecto.
Quando chegavam a esse local, os bois e os boieiros eram substiuidos por outros animais e respectivos condutores, que os aguardavam e que, atrelando os mesmos carros carregados que já vinham do Porto da Raiva, continuavam a viagem até outro ponto mais adiante, onde faziam nova substituição de bois e condutores e prosseguiam, e assim, sucessivamente, até atingirem a Fronteira com a Espanha.
As juntas de bois e os boieiros rendidos descansavam o tempo necessário. Recebiam os carros vazios e faziam o trajecto inverso, sendo rendidos por outros, noutros locais, até que, assim, chegavam ao Porto da Raiva, para recarregarem e seguirem novamente cheios, até aos interpostos de rendição.
O Sal, então, pensamos que muito antes de terem sido criados os caminhos de ferro, fazia o trajecto por caminhos sinuosos, transportado nos carros de bois, a caminho da Espanha."
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Esperamos poder voltar a este tema, logo que consigamos obter outros relatos. Contudo, para que conste, acolhemos de bom agrado todos os conhecimentos que os nossos Queridos leitores possam fazer chegar até nós.
Excelente e informativo artigo este. Gostei muito tambem dos recentes posts sobre as Janeiras e a Senhora da Lapa que visitei ha' uns anos. E' um lugar muito bonito. Sempre bom passar por este blog!
ResponderEliminarInteressante. Fico a aguardar "outros relatos"...
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