sexta-feira, dezembro 24, 2010

NATAL > FESTA DA FAMÍLIA > TEMPO DE PAZ

O NATAL DE ONTEM E DE HOJE
Há momentos na vida que convém parar e reflectir um pouco sobre o nosso passado.
Saudades daqueles tempos de infância em que, no aconchego do lar, junto da lareira onde o lume crepitava e nos ia aquecendo, enquanto vigiávamos as pinhas de pinheiro manso, que íamos rodando, para que o calor da fogueira as crestasse para facilitar a retirada dos pinhões.
No dia 24 de Dezembro, durante o serão, era assim que muitos pais viam os filhos animados a retirar os pinhões dos respectivos casulos de dentro das pinhas e, depois, com um martelo, iam partindo e distribuindo em mão, ora pelos pais, ora pelos outros irmãos, enquanto a mãe fazia rodar na sertã as filhós de farinha de centeio ou de cevada do celeiro da casa, para que ficassem douradas.
Por vezes,  as filhós eram substituídas por rabanadas, polvilhadas com canela e açúcar ou barradas com mel caseiro, das colmeias do nosso Avô.
Naquele serão, os nossos pais aproveitavam para nos falar da vinda do Salvador.
Então, há mais de sessenta anos, em muitos lares, não havia a compra nem a distribuição de brinquedos.
As raparigas, juntando alguns retalhos de pano, com eles criavam as suas bonecas e o respectivo enxoval. Seria uma maneira de, logo de pequenas, aprenderem, em determinados aspectos, o rumo da vida adulta, representando um pouco da lida diária da mãe, com o arrumar da casa e o cuidar das roupas da família.
Os rapazes, querendo exemplificar os trabalhos desempenhados pelo pai, lá criavam os seus próprios brinquedos também.
Lembro-me daquelas juntas de bois, representadas por duas pinhas de pinheiro bravo, colocadas paralelamente uma à outra, com um pau pregado na parte superior a representar a canga, de onde saía uma tira de cabedal, para segurar o toiço ou touço do carro de madeira, com rodas toscas feitas de um pedaço de tábua fina, cortada com uma navalha, por vezes debruadas com umas tiras de borracha, para se não gastarem.
Outro dos brinquedos que faziam a delícia dos rapazes era a bicicleta. Um engenho criado com pedaços de caniços com duas rodas de madeira também feitas manualmente, que representava uma bicicleta real.
Os brinquedos de então, desenvolviam muita criatividade quer nas raparigas quer nos rapazes. Então, os jovens criavam aquilo com que brincavam e, assim, sabiam como eram feitos os seus brinquedos. Hoje, perante a compra dos brinquedos, os jovens têm que desmontar, para aprenderem como foram construídos  os engenhos que os pais ou os familiares lhes colocam nas mãos.
O Pai Natal, que nada tem a ver com qualquer  religião, veio muito mais tarde, para activar o consumismo incomensurável dos nossos dias.
As iluminações também servem para publicitar e activar o comércio, nesta época.
Abençoada a iniciativa dos estandartes com a imagem do Menino Jesus, que já vão aparecendo um pouco por todo o lado nas localidades portuguesas.

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